
Grupo Folclórico Santa Cruz
O Grupo Folclórico Santa Cruz foi criado em 1948 por Patrocínio Lima (Dona Patu), Júlio Lopes e Lerinda Soares, em Pirapora- MG. Com início no bairro Barreiro, o Santa Cruz tinha como local de ensaio um espaço onde se assentava um cruzeiro, o que serviu como inspiração para o nome do grupo.
O Santa Cruz, ainda em atividade, conta com 26 dançarinos e 6 tocadores sob a coordenação de Seo Carlos, que é integrante há 45 anos. O grupo apresenta-se durante todo ano em festas, espaços públicos e privados, com danças e ritmos inspirados na vida do meio rural; a maioria desses ritmos são autorais e foram criados por Dona Patu e Seo Carlos. Dentre as danças apresentadas pelo grupo estão: o carneiro, o jacaré, o gamba, a Margarida, o engenho e o Lundu – sendo este último o único ritmo de origem afro-brasileira. Os passos, dançados ao som de instrumentos de cordas e caixas, homenageiam práticas conhecidas no meio rural, como a lida no engenho e os animais presentes nesses locais, como o gambá, o carneiro e o jacaré.
Atualmente, o Santa Cruz mantém-se por meio de pequenos patrocínios, alguns editais voltados ao fomento cultural e por recursos próprios que, embora escassos, permitem com que o grupo folclórico, o mais antigo e tradicional da cidade, continue em atuação.
Carlos Roberto do Carmo – Seo Carlos
Carlos Roberto do Carmo (Seo Carlos) nasceu em abril de 1957, em Pirapora – MG, numa casa à beira do Velho Chico, no bairro Barreiro. Seo Carlos é músico autodidata, tocador e cantador do Grupo Folclórico Santa Cruz e guia do terno de folia Garça Branca do Peito de Aço. A sua trajetória no Santa Cruz começou por um interesse amoroso pela sua atual esposa, Vanilde, que era dançarina do grupo. Seu contato com a música aconteceu ainda antes, quando acompanhava o pai nos ternos de folias de reis e tirava “barulho” dos instrumentos de corda.
Enamorado por Vanilde, dançarina do Santa Cruz, Seo Carlos se aproxima do grupo até ser convidado para ser tocador, devido às grandes habilidades que exibia. Começou tocando um cavaquinho e viria a ser líder do grupo após o falecimento de Júlio Lopes.
Faz 45 anos que Seo Carlos integra o grupo que congrega familiares, vizinhos e admiradores. Tem em sua história a passagem por várias regiões do Estado em que foram convidados. Hoje conta com 24 dançarinos e 6 tocadores que seguem, sob sua coordenação, levando adiante o trabalho que Patrocínio Lima (Dona Patu) começou quando criou o Santa Cruz em 1948. Seo Carlos conta que as danças e cantigas, a exceção do Lundu, são criações suas, de Dona Patu e Júlio Lopes. Os movimentos e sons encenam e compõem o cenário da vida do meio rural. As composições são feitas para, como nos diz Seo Carlos, homenagear.
Dentre os ritmos que o grupo toca e dança estão o carneiro, o jacaré, o gamba, o engenho, a Margarida e o Lundu – sendo este último de matriz afro-brasileira. O grupo se apresenta em eventos, praças, espaços públicos e privados durante todo ano. Diferentemente do Terno de folia Garça Branca (criado em 1992), que também tem Seo Carlos como mestre, e sai apenas uma vez por ano, em caráter devocional, peregrinando pela cidade a pé e visitando as casas em que se guarda a bandeira ao longo dos dias de folia. A festa que encena a chegada dos Santos Reis começa no dia 24 de dezembro e termina no dia 6 de janeiro, quando se guarda a bandeira. A maioria dos integrantes do Santa Cruz também faz parte do terno de folia, que tem em média 30 participantes.
Seo Carlos reúne arte, conhecimento, devoção e compromisso com a cultura que brota aos pés do rio São Francisco. O Grupo Santa Cruz e o terno de folia são reflexos disso e compõem há décadas o grande arsenal cultural da cidade. A música, dança e tradição sob a guia de Seo Carlos fazem-se vivas por onde quer que passem.