Maria Martinha Soares dos Santos nasceu em São Romão, em abril de 1962. Viveu parte da infância na comunidade rural de Laranjeiras junto a sua família, até serem desapropriados da terra. Martinha veio para Pirapora aos 10 anos de idade. Conta que todos os membros da família se mudaram para o mesmo bairro, o Aparecida. E foram levados ao Vila Branca, após a enchente de 1979 que alagou a residência recém-reformada em que morava.  

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O pai esculpia carrancas em madeira já no Aparecida e prosseguiu com a atividade no bairro em que viria a morar. Num dia comum, conta Martinha, o pai perguntou-lhe por que ela mesma não talhava uma carranca também. Ali, a partir dessa provocação, iniciou-se a sua trajetória como artesã. Revela ter tido facilidade no entalhe das peças e relata o mesmo entusiasmo que ouvimos de seus familiares ao perceber na arte um modo de subsistência.

 

Quando adolescente, a atividade era também dividida com as amigas que porventura viessem a manifestar interesse no ofício. Já adulta, Martinha trabalhou em outros setores, como a carvoaria, fábricas e comércio, mas retornou ao primeiro ofício que aprendera com o pai. Hoje, a artesã segue com os demais escultores de sua família: D. Luzia, Bonifácia e Gelson a transformar a madeira. Para Martinha, a carranca representa a cultura piraporense.