
Objetos de trabalho e cotidiano



Pedaços de Trilho de trem / Lamparina de carbureto
A ferrovia é uma parte importante da história de Pirapora, pois pelo trem, assim como nos vapores, o trânsito de pessoas e as trocas advindas desses encontros eram intensas. Além disso, por ela empregava-se muita gente, vindas, inclusive, de outras partes do Estado. Os pedaços de trilhos e a lamparina de carbureto– utilizada para iluminar os espaços quando os funcionários precisavam trabalhar à noite – simbolizam a passagem do trem pela cidade e faziam parte do dia a dia dos trabalhadores da ferrovia. Esses objetos pertenceram ao ferroviário monjolense José Apolônio da Silva e foram doados pelo seu filho, Samuel.

Ferro de Brasa
Os ferros esquentados à brasa faziam parte do cotidiano da maioria das donas de casa piraporenses e também das lavadeiras, que depois de lavar as peças, precisavam prepará-las para a entrega. Ademais, o ferro também é lembrado por muitos(as) por outra função que lhe foi atribuída: alisar/esticar os cabelos das mulheres. Hoje, esse objeto é usado apenas para fins decorativos e foi doado por Neide Ferreira, da Mainarte.



Carranca e Santos
Os carranqueiros e santeiros são artesãos comumente encontrados nas cidades ribeirinhas cortadas pelo São Francisco. Primordialmente, elas eram utilizadas nas proas dos barcos para espantar os maus espíritos e proteger os barqueiros. Com a diminuição do fluxo de navegação no rio, as carrancas deixaram de ser usadas nos barcos e começaram a aparecer nas portas de estabelecimentos e casas ribeirinhas, como patuás ou itens decorativos. Cada escultor possui um estilo próprio, desse modo, a escultura traz de muitas formas a assinatura e marca do seu criador. A escultura de Jesus Cristo, aqui exposta, é de autoria de Sabino, natural de São Romão. Sabino foi um dos primeiros mestres carranqueiros em Pirapora (década de 70) e é um dos criadores da estética da carranca piraporense, talhada em estilo vampiresco. Parte dos seus descendentes também aprenderam o ofício e mantém a memória dos carranqueiros viva.
Já a carranca semitalhada é de autoria de Bonifácia, artesã desde criança e membro da Associação dos Carraqueiros. O objeto do modo como foi esculpido simboliza o trabalho ainda em fazimento.
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Ferramenta de entalhar (Enxó, facão, goiva, formão)
Ferramentas cedidas pelos artesões da Associação dos Carranqueiros, utilizadas para trabalhar o entalhe na madeira.

Aparelho de Jantar (Vapor BG)
O Prato, pires e xícara são comuns em algumas casas de ex-funcionários da Companhia de Navegação do São Francisco, a Franave. As peças aqui presente foram doadas por Adão Nunes Borges (Mestre Careca), natural de Juazeiro- BA, e são recordações do tempo em que ele trabalhou como pintor das embarcações da Companhia. Adão conta que o aparelho de jantar era utilizado a bordo nos vapores.

Quepe de vapozeiro
O quepe fazia parte do uniforme (dependendo da função) de vapozeiros que navegavam pelo Velho Chico. Este pertenceu a Aldenor Barros de Souza, contramestre contratado pela Franave. O objeto foi doado pela sua sobrinha de criação, Tamara Castro.



Máquina de costura
A máquina de costura está presente em muitas memórias dos piraporenses e buritizeirenses. Por elas, as matriarcas costuravam roupas, muitas vezes iguais, para toda a prole de filhos. Segundo conta Cida Félix e Madalena, havia a prática de comprar apenas uma peça de tecido e dela fazer roupas para toda família. Muitas dessas mulheres que costuravam em casa também o faziam para garantir uma renda extra ou até mesmo sustentar os filhos. O objeto foi cedido temporariamente por Larissa Rocha.Já a carranca semitalhada é de autoria de Bonifácia, artesã desde criança e membro da Associação dos Carraqueiros. O objeto do modo como foi esculpido simboliza o trabalho ainda em fazimento.
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Balança de dois pratos
Os armazéns de secos & molhados e as feiras contavam com itens de uso comum no dia a dia dos comerciantes e feirantes, a balança de dois pratos é um deles. Esse objeto representa simbolicamente aqueles que viviam das trocas comerciais na cidade.




Objetos de funilaria
A funilaria era um dos ofícios criativos existente na cidade. Por volta dos anos 70, por aqui, os objetos eram feitos a partir da folha de flandres, por isso os artesãos funileiros eram também chamados de flandeiros. Com o flandres, criava-se de tudo, de brinquedos a utilidades domésticas, como lamparina, cuscuzeira etc. A exemplo disso, temos o carrinho, lamparina e cuscuzeira expostas neste espaço, doados pelo artesão funileiro, Daniel Sampaio, natural de Pirapora-MG. Ele nos conta que aos 12 anos, o seu pai lhe pediu que ajudasse um funileiro baiano, morador do bairro Lagoa (Nossa Senhora Aparecida), conhecido como Mestre Otávio do Flandres; com ele, Daniel aprendeu o ofício.
Rádio
O rádio foi por muito tempo o único veículo de acesso às informações locais e do mundo (mesmo com o surgimento da televisão). Por ele, também, aproveitava-se o lazer promovido pelas narrativas das radionovelas. Programas, como “A Voz do Brasil” e os hábitos constituídos em torno do aparelho, como ligá-lo logo pela manhã ou reunir-se com a família em torno dele durante as refeições, foram descritos com nostalgia pelos moradores que participaram das rodas de conversa desse projeto.
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O exemplar aqui exposto pertenceu ao pai de Maria Alice Rocha, natural de Ponto Chique, residente em Buritizeiro





Despertador
Os despertadores de corda eram itens ordinários da rotina daqueles que precisam acordar na hora marcada para trabalhar.

Mimeógrafo
As professoras fazem parte da memória coletiva de muitos. As recordações dos tempos de escola são despertadas, por vezes, a partir de sensações e objetos que nos remetem à sala de aula, como o pó de giz, o quadro negro e o cheiro de álcool do mimeógrafo por onde se “imprimia” as provas e exercícios.




Ferramentas do trabalho no campo (foice, ferradura, machado, enxada, pá)
Pirapora e Buritizeiro, sobretudo esta última, também têm suas narrativas de trabalho relacionadas ao meio rural. Do campo, saem boa parte dos alimentos comercializados por pequenos agricultores nas feiras da cidade. Ferramentas como as expostas aqui estão presentes no cotidiano dos trabalhadores do campo.

Molde/ forma de sapateiro em madeira
o molde e a forma representam o ofício dos sapateiros, profissão geralmente exercida por homens e bastante presente do início ao final do século XX. Os itens foram doados por Alex Versiani e pertenceram ao seu pai que atuou como sapateiro até o ano de 2018.

Tijolo vermelho de cerâmica
este tijolo foi produzido em uma fábrica de olaria não mais atuante na cidade. O objeto traz o nome de Pirapora inscrito na parte central para demarcar o local de produção.

Canecas de Festas e Festivais de Chope
Nas décadas de 1970 e 1980, aconteciam Festivais de Chopp em Pirapora. Os eventos eram realizados por entidades, clubes e associações com intuito de promover atrações culturais, angariar recursos ou promover produtos. Para cada edição da festividade, havia uma caneca de cerâmica, elaborada a partir de elementos visuais presentes na região, como o peixe e a carranca. A época dos festivais e festas do chopp coincide com o período em que a fábrica da cerveja Antártica esteve instalada na cidade. Muitas pessoas trabalhavam na fábrica, e a cerveja produzida em Pirapora tinha a fama de ser “a mais saborosa do país”, qualidade atribuída à pureza da água do velho chico.
Hoje as canecas que nos remetem a essa parte da história da cidade são colecionáveis e fazem parte da decoração em muitas casas.

Bordado
O bordado é uma atividade ainda bastante exercida na cidade. As formas criadas a partir dos fios e meadas coloridas possibilitam não só o trabalho criativo, mas a manutenção financeira de quem os faz. A peça aqui exposta foi doada pela artesã e atriz, Elaine Ramos.

Cavaquinho
A música pulsa nos lados de cá deste rio. Ela está presente nas confraternizações, festas populares, nos ritos religiosos, nas serestas etc., em toda vida que se organiza em torno da cidade