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Objetos saberes

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Leiteira de alumínio

Objeto doado por Moisés, natural de Pirapora/MG. A leiteira é utilizada para armazenar o leite que, depois de colhido, passa a ser entregue pela manhã de porta em porta.

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Cincerro

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Cuscuzeiro artesanal

Doada por Daniel Sampaio, único artesão de funilaria em Pirapora-MG. O cuscuzeiro é um vasilhame utilizado para fazer o cuscuz de milho, comida típica da culinária nordestina e também norte-mineira. Por esse motivo, esse objeto é bastante comum em casas nessas localidades. O cuscuz é feito com farinha de milho flocada ou fubá cozida no vapor. Geralmente, acrescenta-se um pouco de água na farinha ainda seca, para umedecê-la. Depois, tempera-se com uma pitada de sal e acomoda-se a massa já úmida no cuscuzeiro. O tempo de cozimento pode variar, mas, geralmente, o cuscuz fica pronto em 10 minutos.  Para fazê-lo com fubá, aconselha-se colocar uma colher de polvilho doce (dica de Dona Lúcia Galiza, natural de Januária). A depender da região, o cuscuz pode ter vários acompanhamentos, como leite de coco (comum na Bahia), manteiga, nata ou carne seca.

O cincerro parece-se com um pequeno sino e é geralmente amarrado no pescoço de vacas, éguas etc.  Ao batê-lo, o objeto produz um som capaz de guiar o rebanho, por isso é bastante utilizado por vaqueiros ou pastores

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Oratório na cabaça Porongo

O oratório é um tipo de altar, em formato pequeno, que reúne elementos religiosos destinados à adoração. O oratório aqui exposto foi construído dentro de uma cabaça e alia elementos naturais do cerrado com imagens de santos: flores sempre-vivas; espigas de trigo; imagem de resina de Nossa Senhora Aparecida e pisca . A cabaça foi cortada e hidratada com óleo de linhaça para evitar que o objeto seja danificado por cupins e finalizada com cera de abelha e de carnaúba.

A peça foi confeccionada pelo artesão João Henrique Carvalho Gomes, natural de Governador Valadares-MG.

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Oratório II

Em formato mais próximo ao que é usado tradicionalmente, o oratório II foi confeccionado por Maria Alice  e traz, assim como o primeiro, elementos religiosos relacionados ao catolicismo. A peça é utilizada pelo grupo de oração “Terço da Família”, da Comunidade Rainha da Paz, em Buritizeiro.

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Presépio na cabaça Porongo

O presépio está presente na decoração de muitas famílias ribeirinhas, católicas, no final do ano. O item representa, a partir de objetos em miniatura, o nascimento de Jesus.  A peça aqui exposta foi confeccionada pelo artesão João Henrique Carvalho Gomes, natural de Governador Valadares-MG, e organiza dentro de uma cabaça elementos naturais, como flores desidratadas sempre-vivas; espigas de trigo; imagens de presépio infantil e  pisca.A peça foi confeccionada pelo artesão João Henrique Carvalho Gomes, natural de Governador Valadares-MG.

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Farinha

A farinha é um alimento coringa na mesa dos brasileiros, sobretudo, em regiões e nos períodos de maior escassez alimentar. Nesses períodos, há relatos de pessoas que a consumiam pura, misturada ao café, leite ou para reforçar e fazer render outros alimentos, como farofa, feijão etc. Na nossa região, fala-se em muitos modos de uso desse ingrediente, como nas receitas: para café da manhã ou lanche da tarde – farinha misturada com café ou leite; na tapioca para fazer render o polvilho; batida de ovo feita com açúcar e farinha. Receitas para almoço/janta – pirão de peixe ou de frango; engrossado (feito com caldo de qualquer carne ou legume); capitão ou comer de mão (farinha misturada com a refeição para ser comida com a mão). Receitas para sobremesa – farinha com raspa de rapadura; paçoca de carne seca com farinha. Por ser tão presente no cotidiano, a farinheira é um item sempre presente nas cozinhas.

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Mel

O mel de abelhas é usado puro para ajudar a curar gripes e resfriados. Também é ingrediente de algumas garrafadas e xaropes caseiros feitos com ervas, umbigo de banana, cascas de laranja e outros produtos naturais. O mel é muito popular na medicina alternativa tradicional, devido a suas propriedades expectorantes, antissépticas, anti-inflamatória etc. Na região, há pequenos apicultores que mantêm a disponibilidade do produto nos mercados da cidade.

Em muitas casas da região, na cidade ou na zona rural, era comum (e ainda é) que se conserve alimentos secos e/ou temperos em latas de alumínio ou vidro. Além de serem feitas de material mais acessível, esses potes conservam os alimentos por mais tempo. Por isso, eram tão populares.  

Potes de condimento (corante, cravo, sal, pau de canela)

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Conserva de pimenta

A pimenta é um dos condimentos mais presentes na culinária nordestina e norte-mineira. Na maioria das casas, há sempre uma conserva à disposição para aqueles que não temem o seu ardor. Esta foi feita por Celme Silveira Macedo, natural de Pirapora/MG. As pimentas são de variados tipos e podem ser conservadas no azeite, cachaça, vinagre, limão (como a Celme gosta de preparar) sempre acrescidas de sal.

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Xarope de Umbigo de banana

O umbigo de bananeira, também chamado de coração de banana, é a flor da planta. Com ela, pode-se fazer muitos preparos, pois além de altamente nutritiva, ela possui qualidades medicinais. Para comê-la, basta lavar bem, cortar bem fininho, ferventar por duas vezes e depois refogar a gosto. Ela também pode ser utilizada em xaropes, como este feito por Dona Santa, natural de Buritizeiro. Segundo ela, a beberagem leva coração de banana picado, mel (ou rapadura) e ervas.  E pode ser tomado para tosse, bronquite e asma.

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Moringa de barro

Doada por Terezinha Mercês Galiza. As moringas são utilizadas para armazenar água para consumo nas residências. Por serem de barro, mantêm a água sempre fresca e filtram-na naturalmente.

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Ralo de metal

O ralo de metal é um objeto bem resistente usado para ralar milho (presente em receitas tradicionais, como cural e pamonha); mandioca para fazer beiju de massa de mandioca; coco, para cocadas, canjicas etc.

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Forros de prateleira

Forros de prateleira, em étamine bordada em ponto cruz com bico de crochê – Os forros de cozinha tão comum nas casas ribeirinhas podem ser utilizados em mesas e prateleiras. Estes foram produzidos e bordados pela piraporense Vera Ferreira.  

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Pilão de tempero em madeira

Itens culinários de madeira são feitos com madeira de demolição podem ser bem talhados, enfeitados ou mesmo rústicos. O pilão de madeira, por exemplo, possui duas partes: uma tem formato comprido, com um buraco no meio que serve para colocar/ acomodar o alimento que será pilado (triturado, amassado), como alho, ervas frescas para fazer temperos ou beberagens, farinha, arroz de pilão, castanhas etc.; a outra, chamada de soquete ou “mão de pilão” serve para triturar os ingredientes.

​(Acervo de Larissa Rocha, jornalista buritizeirense

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Colher de pau

doada por Geralda Conceição de Melo Braga, natural de Buritizeiro, cozinheira e quitandeira. A colher de pau é usada para mexer a comida. Devido a indisponibilidade de acesso a vasilhames feitos de metal, os feitos em madeira se popularizaram nas casas mais humildes. Em algumas receitas, como moqueca, doces e bolos, dizem que a colher de pau é essencial, pois o plástico ou metal podem interferir no gosto ou no ‘ponto’ da receita.

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Chaleira de ferro

Os itens de ferro são tracionais e aparecem na maioria dos relatos das pessoas locais. Esta chaleira de ferro, doada pela piraporense Neide Ferreira, simboliza bem essa tradição.

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Gamela de madeira

As gamelas de madeiras são resistentes e duram por anos a fio. Estão tradicionalmente presentes nas cozinhas da região e costumam ser utilizadas para servir alimentos diversos, como farofa, peixes, frutas etc.

Acervo de Larissa Rocha, jornalista buritizeirense.

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Panela fritadeira com alças

Item de cozinha doado por Moisés, natural de Pirapora/MG.  

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Panela esmaltada

Tal qual as panelas de ferro, os vasilhames esmaltados, como esta panela, também eram comuns em casas mais humildes da região, devido à disponibilidade e preço mais baixo.

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Xícaras de aço esmaltado

Xícara esmaltada doada por Luciana Galiza. O objeto é uma lembrança afetiva, fazia parte do acervo familiar e pertencia à sua bisavó, conhecida como mãe Lió.

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Molho de ervas

Colher e pendurar as ervas em maços, chumaços (molhos) em varais facilita que a planta seque sem perder o cheiro. Depois de secas, elas podem ser utilizadas para fazer temperos, chás, remédios e beberagens. Dependendo da planta, como folhas de eucalipto, capim limão etc., é possível queimá-las para “espantar mosquito”. O maço foi feito pela buritizeirense, Larissa Rocha.

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Estante de madeira

Móvel rústico que compõe a ambientação da cozinha produzido por Everton Morais, marceneiro piraporense.

Réstia de alho

A réstia de alho é um cordão com várias cabeças de alho trançadas. Geralmente, a réstia fica na cozinha e serve para fazer tempero. No entanto, é conhecida como algo capaz de “espantar mau-agouro” do ambiente. Esse segundo uso se popularizou tanto que, hoje em dia, a réstia é vendida até como item decorativo.

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Moedor manual de café

Moedor de ferro batido usado para moer grãos de café para ser coado na hora. O cheiro depois da moagem recende em todo o ambiente.

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Fogão de lenha com forno

Réplica de fogão à lenha, produzida por Everton Morais, marceneiro piraporense.

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Panela de Barro “Ferver água com vinagre para tirar o cheiro de peixe”

A panela de barro é um item tradicional nas cozinhas barranqueiras, pois nela cozinha-se o peixe, em preparações diversas, como moqueca, peixe salgado com abóbora etc. Esta foi doada por Geralda Conceição de Melo Braga, natural de Buritizeiro

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Pilão de tronco de árvore

O pilão feito de tronco de árvore é bem maior que o pilão convencional. Geralmente, o item é utilizado para fazer paçocas, corante, pilar milho e arroz. Como o arroz ainda com casca costumava ser mais barato nas feiras, o pilão era um item indispensável. Para descascar o grão, ele secava ao sol e depois era pilado até que a casca se soltasse. Devido ao tamanho e serventia, o item transformava-se em mobília da casa. Este exemplar foi doado por Moisés, natural de Pirapora/MG.

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Peneira de palha

As peneiras de palha serviam para cessar (separar a casca do grão) o arroz, depois de pilado. Com a peneira, o arroz era jogado para o alto e aparado novamente, deixando a palha voar para fora, separando o grão da casca. Devido ao aspecto rústico, o objeto é também usado como item decorativo. Este exemplar foi doado pela buritizeirense, Larissa Rocha.

Panela de ferro com frase ‘Domingo é dia de frango caipira’

As panelas de ferro eram itens fáceis e acessíveis de se encontrar, por isso, estavam presentes na maioria das residências. Com o tempo, o uso foi ficando mais restrito, mas ainda é muito comum em residências na zona rural. O ferro retém o calor da comida e, por isso, costumava-se cozinhar comidas caldosas nelas, como feijão, moqueca de peixe e o frango caipira de domingo. Muitos se recordam que os frangos cozidos nas panelas de ferro no domingo eram os mesmos criados no quintal e/ou comprados vivos nas feiras. Em outros dias da semana, o preparo era inviável devido ao trabalho para matar, limpar e cozinhar a ave.

​Além disso, há relatos que se preferia cozinhar o feijão nessas panelas para que o ferro que se soltasse dela “enriquecesse” o alimento e impedisse o adoecimento por anemia, tão comum em contextos de subnutrição.

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Arco de São Gonçalo

o Arco de arame enfeitado com flores azuis e brancas é usado nas danças do São Gonçalo de Seo Arquileu, em Pirapora (doado por Daniel F. da Silva). O arco não é um item comum em todos os grupos, visto que, em muitas regiões, prefere-se dançar com um lenço ou com nenhum objeto. Daniel, mestre de São Gonçalo, nos conta que a utilização do arco de arame enfeitado ou não é comum em uma cidade pernambucana de onde o seu avô, fundador do grupo, veio.

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Berimbau

O Berimbau é um instrumento de percussão feito em forma de arco, um arame e uma pequena cabaça por onde ressoa o som. O instrumento é convencionalmente utilizado nas rodas de capoeira, sendo uma herança vinda da África para o Brasil. Pirapora já abrigou, nas duchas, um espaço próprio para as rodas de capoeira, onde muitos mestres atuaram, como Mestre Careca, Mestre Boca, Mestre Mazinho, dentre outros. Infelizmente, o espaço foi desativado sem aviso prévio aos capoeiristas.

Este exemplar foi doado pela Mestra de capoeira, Luciana Galiza.

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Coador e bule de café

Itens para fazer café. Depois de passar o grão de café no moedor, coloca-se a água para ferver no bule. O pó do grão moído é colocado no coador e passa-se a água quente. O cheiro que fica na cozinha depois é uma das melhores coisas para se começar o dia.

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Baru

Castanha abundante em Buritizeiro e Pirapora, o Baru é a castanha fruto do baruzeiro, árvore “comum” em algumas partes do Cerrado. Trata-se de uma árvore importantíssima para o bioma e para a preservação e cuidado do solo. Quando maduro, o fruto cai e pode ser colhido. A partir daí ele é partido ao meio para se extrair a castanha. Esse é um processo bastante trabalhoso que demanda técnica e muito tempo para extrair uma quantidade razoável de castanhas. A casca marrom que recobre a semente pode ser comida pura ou consumida como farinha. Já a castanha pode ser consumida crua ou torrada. Os frutos aqui expostos foram doados pela pesquisadora e Engenheira Florestal buritizeirense, Ana Janaína, que hoje finaliza um mestrado sobre esse fruto tão importante para a sustentabilidade do solo.

Dados por Jana

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Pequis (réplica)

O pequi é um fruto natural do bioma Cerrado. A colheita acontece, geralmente, entre e novembro e janeiro. Por ser altamente nutritivo (e muito disponível na nossa região, como em Buritizeiro), entre os mais velhos, há o dizer: “em época de pequi, pobre não passa fome” ou “pequi é a carne do pobre”. O pequi possui uma casca verde e grossa que reveste o caroço amarelo, cheiroso e muito polpudo. Depois da polpa amarela, há espinhos que recobrem a castanha (também comestível). O fruto deve ser colhido maduro, após ter caído no chão. Há muitas formas de comê-lo:  cozido e polvilhado com açúcar, conservado no vinagre, como óleo, como licor, doce ou cozido no arroz. Depois de roer o caroço, muita gente o coloca no sol para secar, parti-lo e retirar a castanha para fazer paçoca.

 O pequizeiro, embora protegido por lei, está em extinção devido ao desmatamento predatório do cerrado.

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