
Ilê Axé Ojun Ominadeui Ossi
Suria Pereira Pimentel (Dandareossi) é babalorixá naturalizada em Pirapora – MG. Nasceu em novembro de 1987, atualmente tem 33 anos. Foi iniciada no candomblé aos dezesseis anos por uma mametu de nkissi, conhecida como Neuza de Oxum, em Buritizeiro – MG.
A babalorixá representa o Ilê Axé Ojun Ominadeui Ossi, fundado em junho de 2017, localizado à rua dez, 112, no bairro São Francisco em Pirapora – MG. A casa de santo tem suas raízes no Ilê Axé Ossakine, cuidado pelo babalorixá Roberto de Obaluaiê (Ossakinê), em São Paulo – MG. Suria destaca que o candomblé foi e é para ela “uma segunda moradia, uma segunda escola e uma segunda chance de vida [...]” um espaço que a ajudou a “se valorizar como ser humano”. Dentro da religião, “a gente passa a ver que nós somos parte da natureza (...) a mesma natureza que nos alimenta e depois nos recolhe”.
Suria foi iniciada pela primeira vez em nkisse, nas raízes de angola; posteriormente, “banhou-se nas águas de ketu”. Seu ilê axé embora toque Ketu, como o ilê Ossakiné ao qual se vincula, possui também influências nagô vodun e não deixa, ainda, de saudar e louvar a raiz de angola e o seu rei, Kitembo.
Com a experiência de seus dezessete anos de iniciação, Suria destaca que sua função dentro da casa de santo está em orientar espiritualmente, levar o amor do orixá para as pessoas, trazê-las para o culto, iniciá-las. Tudo isso feito de forma humilde, carinhosa e dentro dos princípios e tradições que o candomblé rege e ensina. Reforça ainda que sua maior função, além destas, é manter o seu ilê axé de pé, a despeito do preconceito e perseguições que a religião sofreu e tem sofrido ao longo da história.
A babalorixá, engajada e com respeito pelo lugar que ocupa, salienta a importância de se abrir, cada vez mais, caminhos para o diálogo, para que a sociedade civil conheça o candomblé e veja também as suas belezas. Isso ajudaria a desmistificar os preconceitos e dar continuidade às casas. Além disso, a sobrevivência da religião, segundo Suria, depende também de que outras lideranças da religião sejam mais unidas e evitem desvirtuar-se daquilo que ensina a tradição e os orixás, procurando apoiar-se enquanto comunidade.
